Durante audiência de custódia realizada nesta sexta-feira (25), o ex-presidente Fernando Collor de Mello afirmou ter sido preso por volta das 4h da manhã no Aeroporto de Maceió, enquanto se preparava para embarcar rumo a Brasília, onde, segundo ele, pretendia se entregar às autoridades.
A audiência foi conduzida por videoconferência a partir da Superintendência da Polícia Federal em Alagoas. Collor declarou que não houve irregularidades na abordagem policial e informou ter passado por exames médicos antes de ser transferido para o sistema prisional.
A prisão foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na quinta-feira (24). Collor foi condenado em 2023 a 8 anos e 10 meses de prisão, em regime fechado, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no âmbito da Operação Lava Jato.
Por decisão de Moraes, Collor foi transferido nesta sexta-feira para uma cela individual na ala especial do Presídio Baldomero Cavalcanti de Oliveira, também em Maceió. A transferência ocorreu por volta das 14h, em uma viatura da Polícia Federal.
Durante a audiência, o ex-presidente manifestou o desejo de cumprir pena em Alagoas. A defesa também solicitou ao STF a conversão da prisão em domiciliar, alegando que o ex-presidente, de 75 anos, sofre de Parkinson, apneia do sono grave e transtorno afetivo bipolar. Moraes então solicitou um parecer da direção do presídio sobre a capacidade da unidade para cuidar da saúde do detento, com prazo de 24 horas para resposta, e encaminhou o pedido para análise da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Apesar do pedido, Collor afirmou na audiência que não faz uso contínuo de medicamentos.
Entenda o caso
Collor foi denunciado pela PGR ao STF em 2015 pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa, peculato e obstrução de Justiça. No entanto, o Supremo descartou parte das acusações e considerou prescrito o crime de organização criminosa no momento da condenação.
Segundo o STF, ficou comprovado que Collor recebeu R$ 20 milhões em propina – valor inferior aos R$ 26 milhões apontados inicialmente pela PGR. A acusação envolvia intermediação de contratos na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras à época, que tinha diretores indicados por Collor. Em troca de favorecer determinadas empresas, ele teria recebido "comissões" sobre os contratos.
As delações de Alberto Youssef, Ricardo Pessoa (dono da UTC) e Rafael Ângulo (auxiliar de Youssef) mencionaram repasses de valores diretamente a Collor, com entregas que somam milhões de reais. Uma delas, segundo Ângulo, foi feita pessoalmente com R$ 60 mil em dinheiro vivo.
Durante as investigações, a Polícia Federal apreendeu carros de luxo – incluindo uma Ferrari, um Porsche e uma Lamborghini – em nome de empresas de fachada associadas ao ex-presidente. O uso desses bens de alto valor era, segundo a PF, uma forma de lavar dinheiro ilícito.
Publicado por: Isabelly Garcia